Expansão Marítima:
Devido a ao monopólio imposto pelos Árabes sobre as rotas comerciais por terra para as Índias, tornou-se caro as viagens comerciais, e isso tornou-se inviável para os estados nacionais, justo em uma época no qual o comércio era sinônimo de riqueza.
Para fugir dessa situação, Portugal e Espanha tornaram-se pioneiros na expansão marítima. Ambos investiram em frotas e em novos navios resistentes (caravelas) para explorar novas rotas comerciais além mar para a Índia. Isso culminou em diversos avanços na cartografia, na marítima e nas tecnologias da época, agora, os tripulantes navegavam por águas desconhecidas, desafiando o "Mito do Abismo", conhecendo e povoando novas terras até então desconhecidas, e aí que começa a história do Brasil.
Descobrimento da América:
A Espanha competia com Portugal o acesso de uma nova rota comercial e com isso adotou um projeto de um genovês denominado "Projeto Colombo". Segundo Cristóvão Colombo, se um navio navegasse além mar em perpendicular ao leste da Europa, chegaria enfim na costa da Ásia, porém, seu projeto não foi bem aceito em sua terra de origem.
A Espanha investe em navios e tripulação, e no dia 3 de agosto de 1492, Cristóvão Colombo iça as velas para iniciar sua viagem em busca do caminho para as Índias rumo a suposta costa asiática.
No caminho houveram diversos problemas, a escassez de suprimentos e o receio do "mito do abismo" fez a tripulação se rebelar diversas vezes contra o capitão, é possível ver isso muito bem nos diários de bordo de Cristóvão Colombo.
Quando a tripulação de Colombo desembarca em terra firme no dia 11 de outubro do mesmo ano, encontraram povos indígenas povoando a área. Este era o primeiro contato dos Europeu com o "novo mundo", mas Colombo não havia percebido isso, acreditava ter atingido a costa da Índia. E por isso, ao ter seu primeiro contato com as tribos nativas, ele os chamou de "Índios", e assim ficou denominado os povos "indígenas" conhecidos até hoje.
Como as cidades coloniais não haviam sido encontradas, a tripulação retorna a Espanha. A coroa financia mais três viagens (foram 4 viagens no total), porém, era evidente que o plano colombo havia dado errado, não demorou para a coroa espanhola desistir.
Com um vasto território em suas mãos, a Espanha inicia seu processo de colonização no "novo mundo", batizado de "América" desda primeira viagem de Colombo. Ele foi feito governador dos novos territórios. Enriqueceu com o trabalho de escravos nativos, que os obrigou a minerar ouro, e também tentou vender escravos na Espanha. Era o início da colonização da América espanhola.
Gravura representando o descobrimento da América espanhola. |
Descobrimento do Brasil:
Como se pode ver, a corrente marítima que seguia pela costa africana era desfavorável. |
Paralelamente a isso, Portugal continuava sua expansão pelo atlântico, dominando áreas da costa africana, mas o objetivo principal da coroa portuguesa continuava ser a procura de uma rota alternativa e favorável para as Índias.
A coroa portuguesa acreditava que contornando a costa africana, eles chegariam na Índia.
Na primeira expedição comandado por Vasco da Gama, Portugal obtivera sucesso. Seguindo o plano de contornar a costa africana com destino à cidade de Calicute, na Índia, Vasco da Gama enfim chegara ao destino em 1498, dando muito lucro para os portugueses. Porém, as embarcações enfrentaram fortes correntes desfavoráveis em suas expedições próximo ao Cabo da Boa esperança no sul da África, o que tornava a viagem mais cara e demorada. Na imagem ao lado pode-se ver a dinâmica do oceano atlântico, este fator natural também ajudou muito com que as expedições europeias desembarcassem na costa americana.
Para contornar essa situação, a coroa portuguesa recruta Pedro Álvares Cabral, agora responsável por achar um caminho alternativo para as Índias.
Cabral acreditava que se ele se distanciasse da costa africana, conseguiria contornar a corrente desfavorável e encontrar uma favorável (o que de certa forma estava correto se você analisar a imagem ao lado).
A coroa portuguesa então, financia a viagem de Cabral, que parte da praia do Restelo, em Lisboa, ao meio-dia do dia 9 de março de 1500, uma segunda-feira rumo a Calicute, na Índia. Eram dez naus e três caravelas, trazendo um total de 1500 pessoas, a maior expedição marítima que já se tinha sido organizada até então.
No quadragésimo quarto dia de viagem, a tripulação avista pela primeira vez terra firme. Era possível avistar um monte redondo, denominado pelos descobridores de Monte Pascoal, e uma pequena porção de terra até então "desconhecida", no qual fora batizado de Ilha de Vera Cruz atual poção terra brasileira.
Pero Vaz de Caminha era um fidalgo (homem de recursos, riqueza) português que se notabilizou nas funções de escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral. Caminha relatou os dados do descobrimento em uma carta ao rei D. Manuel I, sua carta é considerada como a certidão de nascimento do Brasil. Veja a seguir alguns fragmentos da carta de Pero Vaz de Caminha:
"Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal (monte da Páscoa) e à terra A Terra de Vera Cruz!..."
"...Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500..."
Ao desembarcar na suposta ilha, os portugueses tiveram seu primeiro contato com os povos nativos denominados anteriormente por Cristóvão Colombo de "povos indígenas". Veja mais um trecho da carta de Pero Vaz de Caminha relatando o feito:
"Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma. Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos. Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali. Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele. Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados. Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora. Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais. Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora. Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por aquilo."CAMINHA, Pero de Vaz. Carta a el rey D. Manuel. Edição ilustrada e transcrita para o português contemporâneo e comentada por Maria Angela Vilela. SP: Ediouro, 1999.paulo angeel
Dia 22 de abril, gravura do descobrimento do Brasil. |
A experiência de trocas de utensílios com os índios proporcionou o que chamamos de escambo, no qual os europeus passaram a trocar bugigangas sem muito valor por coisas de valor, como por exemplo madeira, pedras preciosas, frutos exóticos, etc. Essa prática foi muito útil nos anos que se sucederam após o descobrimento.
Os portugueses estalaram uma espécie de posto no local, construíram um porto, assim como algumas outras instalações tomando conta do território a ser explorado, denominado de Porto Seguro. Uma nau retornou a Lisboa a comando de Cabral para contar a notícia do descobrimento ainda de forma sigilosa.
A função de Pedro Álvares Cabral embora tivesse descoberto terras novas, ainda era encontrar uma rota alternativa para as índias assim como Vasco da Gama, pois as especiarias que os portugueses encontravam lá eram de grande valia para sua comercialização na Europa, como: cravo, pimenta, canela, noz moscada, gengibre, porcelanas orientais, seda, etc. Portanto a frota reabasteceu em seu novo posto nas terras agora reivindicadas pela coroa de Portugal, e no dia 1º de maio de 1500 Cabral parte em busca das Índias, o que depois de diversos ocorridos, enfim obtivera sucesso.
No Porto Seguro, ficaram alguns portugueses tomando conta do posto. Embora a terra pertencesse a coroa portuguesa, até então, esta não era colônia de Portugal, isso só se deu em 1530, quando Portugal inicia o processo de plantation no local, utilizando os índios nativos como mão de obra escrava.
Este período entre o descobrimento e a colonização ficou conhecido como período pré-colonial, onde a extração principal era de pau-brasil e era obtido através de escambo.
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